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ANÁLISE CLIMÁTICA PARA GOIÂNIA– PRIMAVERA DE 2017

Por Sylvia Farias.

A Primavera terá inicio às 17h02 de 22 de setembro e se prolongará até 21 de dezembro ás 13h28. A estação é caracterizada pela transição entre as estações de inverno e verão, momento em que os raios solares passam a incidir paralelamente á superfície terrestre. No trimestre setembro-outubro-novembro (SON) desencadeia-se a intensificação da atividade convectiva sobre a atmosfera à noroeste da Amazônia, favorecendo o início da estação chuvosa no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. No Centro-Oeste as precipitações se tornam constantes e intensas, as temperaturas do ar se elevam, a umidade relativa do ar também tendem a aumentar e rajadas de ventos são mais frequentes. Contudo, neste trimestre SON (2017), ainda podem ocorrer incursões de massas de ar frias que podem causar o declínio da temperatura no centro-sul do País.

Previsão Climática do trimestre SON/2017

Diferentemente do trimestre SON/2016, a continuidade das observações das condições oceânicas e atmosféricas em julho e agosto do corrente, baseadas nas previsões climáticas sazonais, por consenso (CPTEC/INPE) para o trimestre SON/2017, apontam uma maior probabilidade (72%) de que ocorra um período neutro em relação ao El Niño Oscilação Sul (ENOS) e assim permaneça até o final da previsão, em março-abril-maio (MAM) de 2018. Contudo, ainda baseados nesta mesma previsão climática, existe uma baixa probabilidade de desencadeamento de um período de La Niña.

A previsão por consenso, para o trimestre SON/2017 (CPTEC/CCST/CEMADEN/INPE, INPA, FUNCEME, INMET), considerando as condições oceânicas descritas anteriormente, indicam que sobre a região central do Brasil (grande parte da Região Centro-Oeste, além de estados próximos) que a previsão mais provável é de precipitações abaixo da normal climatológica. Ou seja, as precipitações durante o trimestre SON estarão aproximadamente 40% abaixo da normal climatológica. Entretanto, é importante ressaltar que grande parte dos modelos tem baixa previsibilidade sobre essa região. Além disso, para a grande área central do Brasil, incluindo principalmente as Regiões Centro-Oeste e Sudeste, o início da estação chuvosa ocorre a partir de final de setembro, com maior probabilidade em meados de outubro, porém os campos diagnósticos observados nos últimos meses e os resultados dos modelos numéricos mostram que há probabilidade de ocorrer um início tardio da estação chuvosa nessas regiões, em 2017.

Climatologicamente, o trimestre SON é ainda um período crítico para a ocorrência de queimadas e incêndios. Nestes meses, as áreas vegetadas com elevado risco de combustão são potencializadas devido a condição de estiagem, que favorecem temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes, condições propícias ao aumento de queimadas. Nesta primeira quinzena de setembro, foram registrados quatro grandes queimadas no Estado de Goiás: Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco, em Goiânia, com 44% de área queimada; Parque Ecológico de Morrinhos, com 80% de área queimada; Parque das Serras dos Pirineus, em Pirenópolis, com 65% de área queimada e Reserva Indígena em Minaçu, com 60%, de área queimada.

A Figura 1 apresenta o total de focos de incêndios ativos detectados por satélite com enfoque no Cerrado e Goiás, desde 1998. O mês de setembro apresenta o máximo das queimadas tanto no bioma quanto no estado. Contudo, outubro marca significativamente a diminuição de incêndios e queimadas no Cerrado e em Goiás, devido ao início da estação chuvosa. Com o inicio da estação chuvosa as queimadas tendem a se atenuar, assim como, o material particulado e os gases antropogênicos disponíveis na concentração do ar, tornando o céu da cidade mais translúcido.

 

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Figura 1: Focos ativos, totais mensais, detectados por satélite entre 1998 até 11/09/2017. Fonte: CPTEC/INPE

Aspectos Climatológicos de Goiânia

No início da Primavera, a baixa umidade do ar, as baixas velocidades do vento, a presença de material particulado proveniente da circulação de veículos automotores e as queimadas, contribuem para o aspecto de céu cinzento na cidade. Desde o início dos registros de foco de incêndios (CPTEC/INPE), a partir de 1998, o ano de 2010, apresentou os maiores focos, tanto no Cerrado (112.019) quanto para Goiás (11.015). Em uma das queimadas, em 2010, o fogo destruiu 50% da reserva do Parque Altamiro de Moura Pacheco. Recentemente, na véspera do feriado, a parte norte de Goiânia (Figura 2 A), até as primeiras horas da manhã do dia 06 de setembro, esteve encoberta por fumaça devido a uma grande queimada no Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco, que atingiu 44% de sua área. O parque possui uma área de 5 mil hectares e abriga 485 espécies de plantas e 290 de animais, algumas delas até com risco de extinção. A Figura 2 (B, C e D) mostra a queimada no Parque a partir da BR 060. O incêndio somente foi finalizado no domingo 10 de setembro. No dia 12 de setembro, teve início um incêndio no Parque Areião, situado na região sul da capital. O fogo no Parque, no Pedro Ludovico, começou no início da madrugada, e as chamas chegaram a ser controladas. No entanto, por volta das 6h o fogo voltou a consumir a mata no início da manhã. Por conta do trabalho dos bombeiros, a Avenida 1ª Radial, no Setor Pedro Ludovico, precisou ser parcialmente interditada.

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(C) (D)

Figura 2: Fumaça devido a queimada no Parque Altamiro Ferreira Pacheco, as 9h30. Vista a partir da Av. Nerópolis próximo ao campus Sammabaia da UFG (A). Queimadas no Parque Altamiro Ferreira Pacheco a partir das BR060 às 14h30 (B). Margens do Parque na BR 060 com focos de incendios ás 17h.

Climatologicamente o início da estação chuvosa, na região que compreende a cidade de Goiânia, ocorre na segunda quinzena do mês de outubro, assim como a diminuição gradual da temperatura média do ar e aumento da umidade relativa do ar. Contudo, neste ano, as previsões indicam que ocorrerá um atraso no início da estação chuvosa. A estação chuvosa compreende chuvas mais regulares e intensas. Ressalta-se que neste ano, ocorrerá entre o final de outubro e inicio de novembro, indicando um prolongamento das condições de temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar. Porém, as primeiras chuvas localizadas, podem precipitar sobre a cidade na ultima semana de setembro. São prevista também chuvas 40% abaixo da normal climatológica e temperaturas acima da normal climatológica.

No início da primavera, em Goiânia são observados ventos fortes seguidos ou não de pancadas de chuva no final da tarde ou à noite, acompanhados de raios, causados pelo aquecimento superficial, intensificando o calor e a umidade do ar na medida em que a estação chuvosa avança. Segundo o INMET, a precipitação anual em Goiânia é de 1571,4 mm e a temperatura média é de 23,2oC. Durante a Primavera (Figura 3) a precipitação varia de 45,4mm (setembro) a 267,9 mm (dezembro). As temperaturas médias variam de 24,5oC (setembro) a 23,5oC (dezembro).

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Figura 3 – Precipitação, Temperatura do ar e umidade do ar para Goiânia correspondente a climatologia entre 1961 a 1990. Fonte INMET.

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